terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Existe ou não, eis a questão! por Gabriel Pontes

Analisando hoje à tarde o livro Filosofia da Religião de John Hick (Universidade de Princeton), deparei-me com uma maravilhosa abordagem sobre o conceito de Deus e Sua existência. Nessa obra, o autor determina as diversas formas de crenças em deidades (como o ateísmo, deísmo, agnosticismo, politeísmo, henoteísmo, politeísmo e monoteísmo) e a seguir, faz referência a Paul Tillich ao expor argumentos judaico-cristãos acerca da existência de Deus. E isso me interessou.
Sim, pois para Tillich: “... a pergunta sobre a existência de Deus não pode ser formulada nem respondida. Se inquirida, é uma questão sobre aquilo que, por sua própria natureza, está acima da existência e, portanto, a resposta – quer negativa ou afirmativa – nega implicitamente a natureza de Deus. Constitui uma posição tão ateísta a de afirmar a existência quanto àquela que a nega. Deus é ser em si mesmo, não um ser.”
Refletindo sobre a afirmação,  compreendi tratar-se de uma grande verdade, tendo em vista nossa realidade ser completamente diferente da do Criador, tanto no tempo como no espaço. Para Anselmo (1033-1109): “... tu não foste ontem e tu não serás amanhã, mas ontem, hoje e amanhã, tu és. Na verdade isso não significa que tu és, não só ontem, como hoje amanhã, mas, propriamente, que tu simplesmente és fora de qualquer noção de tempo, pois ontem, hoje e amanhã pertencem exclusivamente ao tempo. Porém apesar de nada existir sem ti, tu não existes no espaço ou no tempo, todas as coisas é que existem em ti. Entretanto nada te contem, mas tu conténs todas as coisas.”
Isso quer dizer que é um grave erro atribuir o mesmo sentido de existência humana à divina (que lhe é superior), pois o Senhor existe em si mesmo (aseidade) e inexiste uma realidade destrutiva ou construtiva à Ele, sendo assim, um ser eterno. O apóstolo Paulo escreveu aos Romanos: “... porque dEle e por Ele, para Ele são todas as coisas.” E João : “...sem Ele nada do que foi feito de fez...” Por quê? Pois o Senhor foi a causa criadora de todas as coisas, a “matéria-prima” e não se utilizou de meios alheios a si mesmo para tal (bara , creatio ex nihilo). Portanto, como uma escultura que depende do gesso para se suster, a criação necessita do Mestre para manter-se viva.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

O que Deus quer de mim? por Gabriel Pontes

Uma das mais belas e marcantes palavras de Jesus Cristo podem ser encontrada no famoso Sermão da Montanha (Lc 6.17). Belas, pois foram de uma complexidade e graciosidade admiráveis no que tange ao teor de conhecimento da Torá (Lei) e, marcantes, pela simplicidade com que adentraram na mente de seus ouvintes e confrontaram-os com a realidade.
Jesus sabia que, desde a antiguidade, o povo de Israel imaginava que a salvação viesse pela severidade da aplicação da Lei (dada por intermédio de Moisés no Monte Sinai) bem como pelo cumprimento de ritos pré-determinados por Deus, havendo portanto, entre a maioria de seus ouvintes, verdadeiros auto-denominados "santos" e "justos".
Contudo, aquele homem simples, demonstrou o real intuito do Pai aos homens ao estabelecer a Lei: "Misericórdia quero, e não sacrifício", ou seja, o amor para com seu semelhante, o coração puro mediante a submissão à Deus.
A máxima do pensamento, provém de: "Se lhe ferirem a face direita, dê também a esquerda" e ainda " Bendigam os que vos maltratam". Não houveram pedras de soberba que não caíram por terra....